sábado, 20 de junho de 2015

O Abrigo

Lenta tempestade de símbolos e metáforas


Direção: Jeff Nichols
Título Original: Take Shelter
Duração: 120 min
Idioma: Inglês
Lançamento: Jan/2011

O Abrigo precisa ser analisado por duas óticas diferentes, a de documentação do desenvolvimento de uma enfermidade mental e de como ela afeta o indivíduo e seus relacionamentos e a outra é como mero entretenimento dramático. O filme obtém muito sucesso na primeira vertente e um pouco menos na segunda.

O protagonista Curtis (Michael Shannon de O Homem de Aço, Possuídos, Boardwalk Empire) é um pacato operário e pai de família em uma cidadezinha no interior de Ohio. Ele começa a ter pesadelos com uma tempestade que se aproxima e com ataques violentos de entes queridos a ele. Pouco a pouco tais visões que Curtis acredita serem premonitórias passam a assolá-lo também quando desperto. A dificuldade em reconhecer onde termina a realidade de todos e começa a sua particular cresce junto com a angústia e o desespero, não só dele, mas de seus amigos, familiares e também de nós expectadores. 

Apoiado nas interpretações magistrais não só de Shannon, um ator que mereceria muito mais reconhecimento e exposição do que recebe, mas também da sempre competente Jessica Chastain (A hora mais escura, Histórias CruzadasA árvore da vida), O Abrigo é daqueles filmes em que não se fala muito, contemplação supera a ação em quase que toda a totalidade, e os conflitos acontecem em pequenos gestos e trocas de olhares. O ritmo arrastadíssimo é quebrado em algumas cenas fantásticas como a de um jantar beneficente comunitário em que Shannon tem a oportunidade de dar um daqueles inesquecíveis shows de interpretação.

Jeff Nichols, em seu primeiro longa como diretor, consegue manter enevoada até o último segundo de projeção a linha entre o que é real e é o que alucinação, permitindo que o expectador sinta o drama vivenciado pelo personagem. Nichols também escreve o roteiro e abusa de simbolismo e metáforas visualmente lindas e imageticamente profundas. A tempestade que se aproxima casa com as gradativas mudanças psico-fisiológicas do personagem e a deterioração de seus relacionamentos, relâmpagos rasgam o céu como impulsos elétricos passeiam desgovernados pelas sinapses de Curtis, pássaros voam em formação estranha como desbalanceamentos químicos, a chuva de óleo simboliza o corpo como máquina deteriorada, os ataques de entes queridos, a paranoia que leva esquizofrênicos ao isolamento e por aí segue.

O filme (in)felizmente conclui com uma "chuva de rãs" à la Magnolia, um evento que não se explica perfeitamente e parece ferir a lógica interna do filme, mas que também abre precedentes para discussões filosóficas sobre seu significado. Uma cena que chega não muito depois de um clímax minimalista de altíssimo nível que se passa no abrigo que dá título ao filme. Mais um momento para ver bons atores trabalhando e um roteirista fechando com maestria uma história bem amarrada. 

Um filme competentíssimo em todos os sentidos que como obra de arte mereceria a classificação máxima ou próximo disso, porém um filme lento, arrastado, silencioso, contido e todos os outros adjetivos que costumam ser eufemismos para o que qualquer expectador comum de cinema simplesmente chamaria de "chato". Recomendado para aqueles momentos em que você está com o sono em dia, paciência de sobra e vontade de se sentir um pouco mais inteligente.

Um comentário:

haganracine disse...

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