sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A rede social


Profissionais em ação


Direção: David Fincher
Título Original: The social network
Duração: 120 min
Idioma: Inglês

Lançamento: Dez/2010

Não importa muito se 500 milhões de pessoas utilizam o Facebook e sim se esse mesmo número se interessa em saber como ele foi criado. Desconfio que para a maioria das pessoas a curiosidade sobre esse assunto não é tão grande assim. Não ajuda o fato de que as intrigas envolvidas na origem do negócio, quando você pára para pensar, não é mais do que uma disputa legal relativamente simples (ainda que envolvendo muito dinheiro) entre duas ou três partes interessadas. 

Os elementos de disputa são mínimos: quem efetivamente é o dono da idéia. Simples assim. Não há grandes investigações a serem feitas, não há segredos envolvidos, nem assassinatos, corrupção ou qualquer coisa parecida. Nesse sentido, é emblemática a cena em que os gêmeos vão até o reitor de Harvard para pedir a tomada de providências em relação à disputa e, obviamente, nada acontece - é tudo uma questão menor e não há jogo de fumaças que altere isso.

A estória de A rede social é daquelas que normalmente gerariam telefilmes de baixo orçamento para atender a curiosidade de um limitado universo de pessoas que não estariam nem ao menos tão interessadas a ponto de ir ao cinema para vê-la. Mas David Fincher (Seven, O clube da luta) colocou as mãos nesse roteiro elementar e uma polêmica em torno de quão "canalha" ou "mau-caráter" seria Mark Zuckerberg, o CEO da empresa, ajudou a aumentar o hype pela película.

A verdade é que o filme só é (muito) bom por mera competência de direção de Fincher, pelos diálogos estroboscópicos de Aaron Sorking e pela ótima atuação de Jesse Eisenberger. 

O diretor potencializa a estória com uma narrativa não-linear que intercala cenas na mesa de negociação entre as partes em conflito com flashbacks dos primórdios da empresa que explicam parcialmente cada questão que está sendo colocada. Ele também é extremamente competente em utilizar efeitos de câmera, enquadramento, som e luz para dinamizar eventos em que pouca coisa acontece, como os geeks trabalhando em uma casa no Vale do Silício ou um encontro com o criador do Napster (Justin Timberlake, adequado como em Alpha Dog). Você vê o profissionalismo do diretor em cada cena - o que está sendo enquadrado, o corte para o detalhe, o movimento da câmera em volta dos personagens, o filtro simulando a embriaguez etc.

Os diálogos escritos por Sorking são rápidos e inteligentes, deixam pouco espaço para o expectador pensar sobre o que está acontecendo e tornam reais os geeks e nerds que passeiam pela tela. Einsenberg e seus poucos sorrisos e seu olhar determinado e desconfiado, dá mais profundidade ao personagem do que talvez o próprio Zuckerberg da "vida real" tenha, transformando-o em um sociopata borderline realmente interessante. Somada à qualidade técnica do filme e ao ótimo texto, sua atuação é um dos pontos altos das divertidas duas horas de duração da exibição. 

A rede social é bom cinema porque é bem realizado e prova que mesmo de um material base pouco interessante pode se fazer algo que chame bastante a atenção: é a "magia" da sétima-arte em ação.

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