sexta-feira, 3 de junho de 2011

X-men: Primeira Classe

Renascendo no Passado

Direção: Matthew Vaughn
Título Original: X-men - First Class
Duração: 132 min
Idioma: Inglês
Lançamento: Jun/11

Mesmo depois de ler inúmeras críticas positivas, algumas delas demasiadamente entusiasmadas, fui ao cinema com baixas expectativas para X-men: Primeira Classe. Creio que a aventura solo de Wolverine e a curta e bizarra conclusão da trilogia original (X-men: O confronto final de Brett Ratner) foram os principais culpados dessa leve apatia. X-men: Primeira Classe, no entanto, reavivou meu interesse pelos heróis mutantes no cinema. 


Dentre os vários trunfos do divertido filme, o maior deles sem sombra de dúvidas, é a escolha do elenco. Michael Fassbender e James McAvoy estão fantásticos, mas Kevin Bacon também, inesperadamente para mim, consegue roubar a maioria das cenas em que aparece. O resto do elenco que inclui Rose Byrne (Moira MacTaggert), Nicholas Hoult (Fera), Jennifer Lawrence (Mística) e Caleb Landry Jones (Banshee) também cumpre muito bem seus papéis, ainda que seus personagens fiquem na berlinda pela maior parte do tempo.


É prazeroso ver que a arrogância e de Xavier está lá desde o começo e ver que dessa vez ela funciona. Aquela aparente necessidade de estar acima de tudo e de todos, sempre condescendentemente achando as respostas corretas, sempre tentando convencer os outros de que ele e mais ninguém sabe o caminho com, obviamente, a melhor das intenções. A vantagem de uma estória no passado é que essas características enfadonhas do personagem (e que tornam os X-men sem Xavier, muito mais interessantes, ainda que seus ideiais estejam sempre embutidos em todas as estórias) são contrabalanceadas por uma atitude juvenil, até meio malandra, uma auto-confiança exagerada e um lado conquistador e mulherengo. Xavier continua sendo o mesmo mala, mas um pouco mais divertido. Obrigado, McAvoy!


Magneto, no entanto, e principalmente por "culpa" de Michael Fassbender, é quem comanda o filme - lembrando que inicialmente teríamos um "Magneto: Origens" no lugar desse filme. O alemão-irlandês é um ator que sabe aproveitar muito bem a oportunidade e deve muito em breve protagonizar muito mais outros filmes de ação no futuro (A licença para matar de Daniel Craig está a perigo). Bonito, carismático e com capacidade dramática acima da média, ele é fácil uma promessa para o futuro - ou uma confirmação no presente, já que ele já tinha chamado atenção em Bastardos Inglórios.


E a química entre Fassbender e McAvoy também ajuda muito, porque o roteiro não chega a realmente a didaticamente criar as situações necessárias para o desenvolvimento da amizade. Pelo roteiro, inclusive, Xavier parece considerar Erik como mais um de seus alunos ou qualquer outra pessoa que não está no mesmo nível que ele e Erik, por sua vez, está tão obcecado com sua missão a ponto de não ter tempo de sequer considerar a existência de Xavier. Mas talvez a intenção fosse essa mesmo e então, de qualquer maneira, funcionou (e muito bem).


As poucas modificações feitas no material original (i.e. os quadrinhos), são bastante satisfatórias: a importância maior que deram a Mística, uma das personagens mais maltratadas do universo mutante - com exceção da fase de revista solo escrita pelo genial Brian K. Vaughn -, foi extremamente bem-vinda. E a nova versão de Sebastian Shaw e do Clube do Inferno como um todo não atrapalha - era necessário um vilão de qualquer jeito, afinal de contas é um filme de super-heróis.


A escolha da primeira classe em si (nos quadrinhos teríamos Ciclope, Fênix, Fera, Anjo e Homem de Gelo), no entanto, foi minimamente inesperada: uma seleção de personagens bastante eclética e, talvez por isso mesmo, um tanto inefetiva. É bem verdade que, infelizmente, da formação original, só Fera poderia aparecer nesse filme, considerando que os outros estariam muito mais velhos na trilogia original se já fossem adolescentes nos anos 60. 


Dentro dessa limitação, Banshee é uma escolha perfeita e, apesar de ele ser uma cópia do Ron Weasley de Harry Potter, tem seu valor cômico e compensa. O restante (Angel, Destrutor e Darwin) são escolhas, no mínimo peculiares, e esses personagens acabam se envolvendo em tramas desnecessárias ou são interpretados por atores que passariam vergonha até na Malhação.


Do lado dos vilões, há limitações orçamentárias (ou talvez limitações criativas mesmo) e acabamos com alguns que não abrem a boca (tipo o Dentes-de-Sabre do primeiro filme), são refugo de efeitos especiais já utilizados (o demônio Azazel com os mesmo poderes de Noturno) ou tiram de personagens interessantes e relevantes para os quadrinhos parte do seu brilho (Emma Frost).


Os efeitos especiais deixam a desejar uma hora ou outra, especialmente nas cenas em que os personagens voam, chegando ao nível de algumas cenas parecerem ter voltado ao nível tecnológico de "A freira voadora", quando a câmera simplesmente dá um close nos cabelos esvoaçantes da personagem para simular vôo. 


X-men: Primeira Classe certamente tem suas falhas e está longe de atingir níveis épicos como aconteceu com Cavaleiro das Trevas, mas como fã incondicional dos mutantes da Marvel, essa sem dúvida, foi a melhor (seguido de perto pelo segundo) versão que já vi deles na tela. Um filme leve, que não se leva tanto a sério, mesmo navegando por águas mais profundas como cicatrizes do holocausto e ações afirmativas e uma trama divertida e nostálgica remetendo à infância e adolescência de nerds da minha geração. Como não gostar dele?


O site Den of the Geek fez um comentário bastante pertinente: apesar de ser apenas cerca de cinco minutos mais curto que o novo Piratas do Caribe, a sensação é a de que X-men parece ter pelo menos a metade da duração. O tempo passa voando e você ainda termina com aquela vontade de conhecer a "segunda classe" ou, quem sabe, a "irmanda de mutantes" de Magneto.


Tomara que não demore...

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