sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Se nada mais der certo

Entediante Obra de Arte

Direção: José Eduardo Belmonte
Título original: Se nada mais der certo
Duração: 120 min
Idioma: Português
Lançamento: Ago/2009 

Três personagens, todos sem grana, todos órfãos (literal ou metaforicamente), sem alternativas. Some a esse cenário o título do filme e você sabe onde isso vai parar. Considerando-se também o clima pessimista e sujo de todas as cenas, parece óbvio que não há luz no fim do túnel. E Se nada mais der certo não decepciona nesse sentido, ao contrário, ele atende todas as expectativas que você tem para a história e são pouquíssimos os momentos em que tenta te surpreender. 

Por um outro lado, vê-se que o filme foi feito com cuidado aos detalhes. As cenas são carregadas de mensagem, mesmo quando em completo silêncio. Você sabe desde o começo que nada está ali por acaso. O diretor usa várias técnicas diferentes de enquadramento, ângulos não convencionais, filtros de câmera diversos, e outras tecnicalidades.

O elenco é bastante competente, em especial Caroline Abras, na pele de uma traficante andrógina que alterna entre emoções e reações conflitantes e vai da fragilidade à fúria em instantes. Todos os atores parecem se entregar realmente a seus papéis e isso facilita a conexão com os personagens (por mais distante e "alienígenas" que eles possam parecer para alguns - ou talvez a maioria - dos expectadores). João Miguel faz um trabalho, como sempre, competente e Cauã Reymond surpreende - ainda que seu tipo físico "surfista-modelinho" passe longe do que você esperaria do personagem que interpreta - jornalista ferrado, desempregado, sem grana, vivendo num muquifo.

Só que, no fim, Se nada mais der certo não é muito mais do que um exercício de cinema. Não há muita estória a ser contada e isso é um problema para um filme de duas horas. É fácil ver para quem foi montada essa película, é só ver o teor das críticas voando pela internet. Elas são quase tão indecifráveis quanto algumas das cenas do filme.

É para aqueles dias em que você não está procurando entretenimento, mas fingir que um filme cheio de tomadas lentas e ação esparsa pode ser "melhor" que Tropa de Elite (alguém chegou seriamente a compará-los em alguma crítica que li): tecnicamente digno de elogios, mas chato como uma tábua.

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