sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Amantes


Pequenas grandes crianças

Direção: James Gray
Título original: Two lovers
Duração: 110 min
Idioma: Inglês
Lançamento: Ago/2009

Amantes não é um filme fácil de se resenhar e menos ainda de se classificar. Em uma análise mais superficial, ele parece ter muito pouco que o diferencie de outros dramas ou romances que você já tenha visto. O enredo é simples e direto: homem dividido entre duas mulheres de personalidades diametralmente opostas. O simbolismo de cada uma dessas mulheres é sutil e ao mesmo tempo evidente: tradição e família contra impulsividade e paixão. O cenário por sua vez é vago, comum, genérico: cidade grande, restaurantes, interior de edifícios e apartamentos, enfim, nada de novo no front. Não há nenhum personagem que fuja do conceito de cidadão médio e o mais próximo que o filme chega a aventar fora do ordinário é uma menção à possível condição clínica de bipolar do protagonista.

Contudo, ou talvez por isso mesmo, Amantes está entre os melhores filmes que assisti nesse ano. É daqueles que você só percebe o quão bom ele é dias ous semanas depois de tê-lo visto, quando inexplicavelmente cenas ainda reverberam em sua mente e detalhes, gestos e olhares simples refletem as situações imaginárias do filme na sua própria realidade. Creio que essa força venha da honestidade e familiaridade do roteiro - não há reviravoltas, nã há grandes eventos e há sim autenticidade, há pessoas e não personagens - cada um deles carrega um pouco de você e das pessoas com quem você convive. 

Joachin Phoenix está soberbo em sua naturalidade. Você não consegue nem conceber que está vendo um filme e que ele está interpretando um personagem e você tem a sensação de que está indiscreta e voyeuristicamente observando a vida de alguém. Como uma pequena criança grande, ele recusa-se a crescer ou a se enquadrar nos padrões que outras pessoas criaram para ele e fica difícil não se identificar, minimamente que seja, com ele. 

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