Os triunfos de um sobrevivente, um diretor e um ator
Não há grandes surpresas no roteiro de 127 horas para além do que quase todo mundo a essa altura já sabe: homem precisa amputar o próprio braço para poder sobreviver. Contudo a a criatividade de Danny Boyle arranja diversas maneiras de agüentar o tédio de tantas horas em um mesmo ponto (mimetizando as invencionices de seu próprio personagem tentando passar o tempo). A música é com certeza um dos pontos altos, propositalmente deslocada em algumas cenas e apoteoticamente exagerada em outras, mas também são favoráveis as belíssimas tomadas aéreas, a granularidade de filme mais densa para enfatizar a textura das rochas, a iluminação (ou falta de) adequadamente simbólica, a edição frenética das imagens, os ângulos não-convencionais da câmera e até mesmo o timing perfeito com que o título do filme surge na tela, tudo beira a perfeição visual e sonora em 127 horas.
Toda essa qualidade técnica seria, no entanto, em vão se na pele do solitário protagonista, comandando um longo "monólogo", não estivesse James Franco, em sua mais fascinante performance até o momento. Inventivo, arrogante, charmoso, inteligente, desesperado, corajoso... Enfim, Franco realmente dá uma complexa vida interior a seu Aron Ralston e faz com que queiramos passar com ele esses angustiantes e aparentemente eternos cinco dias e torcer com tristeza para que chegue logo a sua inevitável, mas libertadora, conclusão.
127 horas é um filme fantástico que só não alcança um lugar entre os melhores, porque por mais que a direção seja engenhosa e a atuação impecável, o roteiro, por premissa, faz com que o filme passe a impressão de se arrastar por muito mais tempo do que os seus 94 minutos.
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