sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Reflexos da inocência


Inocentemente desconjuntado

Direção: Baillie Walsh 
Título Original: Flashbacks of a fool 
Duração: 114 min 
Idioma: Inglês 
Lançamento: Ago/08 



Um narcisista, egocêntrico e junkie ator de cinema relembra momentos do seu passado apenas para que a audiência perceba que o que já era ruim só ficou pior ao longo dos tempos. Essa espécie de história de amadurecimento às avessas fica ainda mais capenga quando percebemos que não há qualquer evolução do personagem no presente. Enfim, não há transformação ou desenvolvimentoalgum no filme, apenas a narração de acontecimentos isolados. Não parece haver alguma conexão direta entre os acontecimentos no "presente" com os do passado (os flashbacks do título). 


O filme não é certamente de todo ruim, mas assemelha-se muito à uma típica colcha de retalhos com algumas boas idéias costuradas umas às outras por um arremedo de roetiro que simplesmente não era adequado para juntar aquelas histórias que pretendia costurar. Entre os pontos altos, uma cena bem executada em que o jovem personagem principal dubla com seu supostamente grande amor uma cança da banda Roxy Music e algumas das cenas em que Daniel Craig explode no seu papel de astro decadente. 

Mas, afinal, essa é uma história sobre amizade? amor? tragédias pessoais? escolhas erradas? Nada indica que seja uma coisa ou outra, mas todas elas de uma vez só. Ao invés de decidir sobre o que queria falar, o diretor foi trocando de genêro e situações ao longo do caminho e no final acabou com várias oportunidades não desenvolvidas na mão. Muitas cenas foram inseridas como tentativas de chocar e parecer mais "alternativo" e "cool" sem que acrescentassem nada ao conjunto. 

Poucas linhas narrativas são realmente finalizadas ou propriamente desenvolvidas e o que o(s) roteirista(s) parece considerar como conclusões, são apenas fatos jogados ao vento e que sem suporte não significam muita coisa. É como ver uma daquelas propagandas bizarras da MTV, que pode até ser agradável aos olhos e dar a impressão de um simbolismo profundo, mas na verdade não quer dizer muita coisa - é apenas "cool". 

Creio que fiquei de ver esse filme apenas porque alguns amigos confiáveis tinham me falado bem dele. Só posso assumir que, como ele passou desapercebido (se é que efetivamente passou) pelo cinema, todo mundo que o assistiu e gostou estava realmente com as expectativas muito baixas (se é que havia alguma) e, no fim das contas, ele, em alguns momentos isolados, pode até ser uma boa surpresa. Ênfase no "isolados". 

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