domingo, 7 de novembro de 2010

God of War: Ghosts of Sparta

Atlântida, a Morte e a família de Kratos


Desenvolvedor: Ready at Dawn 
Plataforma: PS3, PSP
Gênero: Ação, Aventura
Itens de série: tudo o que se espera de um jogo da série God of War
Defeitos de fábrica: tudo o que se espera de um jogo da série God of War

Comprei há algum tempo na Playstation Network o pacote com os dois jogos da série God of War que foram lançados originalmente para o PSP e posteriormente remasterizados em HD para o PS3, mas só há umas duas semanas consegui voltar, depois de já ter jogado toda a trilogia principal, ao fantástico e violento universo de Kratos, o fantasma de Esparta.

Minha expectativa era de que o jogo fosse apenas e tão somente um caça-níquel da franquia, reciclando momentos de outros jogos e garantindo uma diversão de poucas horas. Estava parcialmente errado, pois a história de Ghosts of Sparta conecta-se fluidamente com o enredo principal e desenvolve ainda mais o protagonista, aprofundando seu rancor contra os deuses, em especial contra Ares, Atenas e Zeus.

Por não integrar a trilogia, sobram poucos e apenas secundários personagens da mitologia grega para dar vida ao roteiro do jogo. De alguns, a grande maioria, inclusive eu, nunca nem devem ter ouvido falar. Estão nessa categoria o monstro marinho Cila/Scylla e o leão Pireu/Piraeus. Contudo, o jogo ganha relevância em termos de história ao contar com aparições exclusivas de outros membros da família de Kratos como sua mãe a ninfa Calisto/Callisto e seu irmão Deimos e também, ainda que num contexto um tanto quanto sem sentido, o rei Midas.

Porém, o que destaca realmente o roteiro são dois outros fatores: Atlântida e Tânato/Thanatos. A primeira é cenário para a maior parte do jogo e não deve ser nem considerado spoiler alert que obviamente a causa para a derrocada da cidade é o próprio Kratos. O segundo é a morte em pessoa, o ceifador, a personificação do final de cada ser - não confundir com Hades, o deus que reinava sobre os mortos (e aparece na trilogia principal de God of War) - que é o principal antagonista.

Nota nerd: Apesar de baseado na mitologia grega, obviamente há licenças poéticas gigantescas no roteiro de God of War. Deimos na mitologia é o deus do terror, filho dos deuses Ares (guerra) e Afrodite (beleza) e irmão gêmeo de Phobos (medo). Ele não é, portanto, nem parente próximo de Kratos que é filho de um titã (Pallas) com uma deusa (Styx). Calisto realmente foi engravidada por Zeus (que no jogo *spoiler alert* é pai de Kratos), mas deu à luz a Arcas, pai dos Arcadianos, os gregos da região da Arcádia.

Vamos ao jogo em si: a ação de Ghosts of Sparta é praticamente ininterrupta, desacelerando em alguns poucos minutos em que Kratos precisa caminhar lentamente à beira de um penhasco ou resolver algum tipo de quebra-cabeças, esses que são na maioria idênticos aos dos outros jogos e não exigem muita massa encefálica para resolução.

A câmera, como já é o costume da série, sempre escolhe o melhor ângulo para mostrar o que há de melhor no momento, abrindo completamente no início das "fases", fazendo com que Kratos quase desapareça para poder mostrar a grandiosidade da nova seção do cenário em que você está entrando ou fechando em close-ups nos momentos quick-time-event em que há algum desmembramento ou finalização hiper-violenta de algum inimigo. 

Até para manter consistência, os combos e ataques especiais quando usando as armas principais Blades of Athena são idênticos aos dos outros jogos da franquia, mas a arma secundária, apesar de interessante é totalmente circunstancial. Os artefatos mágicos não vão muito longe do que já estamos acostumados e geralmente têm o mesmo efeito com variações apenas nas animações.

Em termos de jogabilidade, o único diferencial que consegui perceber é no  uso do Thera's Bane. Ao contrário do tradicional Rage of Olympus e variações que são utilizados circunstancial e  muito raramente, o efeito "fogo" do Thera's Bane é parte essencial da jogabilidade e a evasão para esperar que o medidor se recupere é crucial em algumas partes do jogo (nos modos mais difíceis). 

Nota nerd 2: Apesar de não existir na mitologia grega a titã Thera, há uma versão da derrocada de Atlântida que está associada à erupção de um vulcão na ilha grega de Thera, o que casa perfeitamente com o enredo do jogo. Fonte: God of War Wiki.  

Como já é possível perceber pelos parágrafos acima, tanto pelo bem quanto para o mal, Ghosts of Sparta não se distancia dos outros jogos da franquia. A maior parte dos cenários são muito semelhantes aos que você já viu anteriormente: você começa em um barco, você mergulha em alguns túneis, você luta em uma cidade com pessoas correndo em pânico a sua volta etc. Exceções apenas para Esparta e o nível final, os domínios de Thanatos, que conseguem alcançar um nível maior de diferenciação.

Além disso, os inimigos arroz-de-festa com pequenas variações visuais estão todos lá também: górgonas, ciclopes e harpias, todos dão as caras em algum momento. Os chefes são de maneira geral muito fáceis e os únicos momentos em que você realmente é desafiado são quando a quantidade de inimigos simultâneos se torna absurda (o que não é geralmente o tipo de desafio mais cerebral).

Contudo, o roteiro é interessante e a diversão é garantida. Ghosts of Sparta faz uma ótima ponte entre o final de God of War e o início de God of War 2 e deixa os eventos iniciais desse segundo jogo mais relevantes e com mais sentido, sempre mantendo a alta qualidade gráfica e de jogabilidade da franquia.

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