Boas idéias nem sempre engraçadas
Futurama tem uma história conturbada de cancelamentos e mudanças de canal. Passou por quatro temporadas na Fox, sendo que a última foi transformada em duas. Depois, passou a ser exibido em longa-metragens pelo Comedy Central, quatro deles. E agora, finalmente, o próprio Comedy Central resolver voltar ao formato seriado.
Futurama continua a ser produzida por Matt Groening e David X. Cohen, respectivamente também criador e ex-roteirista de Os Simpsons. E os personagens (Fry, Leela, Bender etc.) continuam basicamente os mesmos, assim como o estilo satírico e paródico.
Futurama é sempre divertida, ainda que não te faça realmente rir como Family Guy ou American Dad. O show sempre aparece com algumas idéias interessantes e até consegue que algumas delas fiquem mais tempo amadurecendo na sua cabeça.
Mas vamos a essa nova temporada: no primeiro episódio, Rebirth, eles trazem de volta os personagens com uma explicação rocambolesca para todas as inúmeras mudanças anteriores (canais e formatos). Para fechar, o episódio trata sobre clonagem e identidade pessoal de uma forma ainda mais complicada do que qualquer filme sobre esses assuntos já tenha feito.
Em, In-A-Gadda-Da-Leela, o segundo episódio, o alvo é o falso puritanismo americano: um satélite chamado V-Giny vai destruir a terra por causa de seus programas de TV depravados. Fora da Fox, Futurama pôde começar a tratar mais explicitamente seus temas mais "controversos" e usar uma palavreado mais "livre". Esse é o primeiro episódio a mostrar essas mudanças.
Em Attack of the Killer App, os zumbis-clientes da Apple, o hype desmedido pelo Twitter e a efemeridade de fenômenos instantâneos como Susan Boyle são a piada da vez. Já Proposition Infinity sacaneia o conservadorismo americano em relação ao episódio da Proposição Oito que permitiria o casamento gay na Califórnia.
Lethal Inspection é uma sátira aos filmes de "descoberta da mortalidade", onde a descoberta da fragilidade humana leva a personagem a apreciar mais a vida e cada um dos seus momentos. Interessante nesse episódio é que ele foca em uma dupla que ainda não tinha "trabalhado junto" antes: Bender e Hermes, o burocrata.
Dan Brown é a vítima de The Duh-Vinci Code onde os seus excessivamente elaborados roteiros são ridicularizados sem muito esforço. E, finalmente, The late Philip J. Fry faz o que Futurama faz de melhor: levar a níveis absurdos os temas mais rocambolescos e paradoxais da ficção científica: nesse caso as viagens no tempo.
Futurama voltou a ser meus vinte minutos semanais de diversäo bem elaborada e com conteúdo. Continuo seguindo essa sexta temporada e torcendo para que ela agora garanta uma vida longa à série sem tantos percalços.
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